Secretário de Cultura e Comunicação Social, Fredy Antoniazzi, exibe a inédita farda da Guarda do Congo do Casarão. Uniforme pretende dar unidade às apresentações e valorizar cultura popular |
A
Guarda do Congo do Casarão recebeu hoje (11), pela manhã, as inéditas
fardas do grupo. O material será usado pelos 50 integrantes, experientes
congadeiros da região, durante as apresentações especiais e festas
religiosas. A entrega foi feita pela Prefeitura no Centro Cultural Nhô-Quim Drummond para fortalecer a cultura popular.
O
secretário de Cultura e Comunicação Social, Fredy Antoniazzi, explica
que as vestimentas procuram dar unidade aos congadeiros durante as
representações oficiais da cidade. Desde a criação da Guarda há três
anos, os integrantes se apresentavam com roupas próprias. “O compromisso
do governo Maroca é reafirmar a importância do congado
para Sete Lagoas”, diz Antoniazzi. Na visão do coordenador da Guarda do
Casarão, José Roberto de Souza, os investimentos da atual gestão da
Prefeitura têm sido fundamentais para fortalecer o congado regional.
O
terno da Guarda é composto por camisa azul, representando a cor do
manto de Nossa Senhora do Rosário; calça branca para resgatar a pureza
de Maria, mãe de Jesus Cristo; além de quepe, sapato e cinto. Os
bordados, botões e detalhes são diferenciados de acordo com a hierarquia
na guarda. A produção dos 50 uniformes foi custeada pela Secretaria de
Cultura e Comunicação Social e contou com a doação de tecidos pela
iniciativa privada
O
mais antigo congadeiro da cidade, Luiz Vicente Ferreira, foi o primeiro
a ter a farda em mãos. Ferreira conta que começou a dançar há 60 anos
quando era criança ao lado do pai. “Participava como marujo, vestindo
saiote e capacete de pano”, lembra. Integrante da Guarda do Congo de
Santa Rita, o congadeiro conta que passou a compor a Guarda do Casarão
para ajudar a preservar as tradições locais e regionais. “O congo não
pode acabar”, afirma.
Secretário de Cultura e Comunicação Social, Fredy Antoniazzi (dir.), entrega farda do congo para o mais antigo congadeiro de Sete Lagoas, Luiz Vicente Ferreira (esq.) |
Representação - A Guarda do Casarão é formada por componentes dos 22 grupos de congado da região e integra o projeto sociocultural “Africanidades”
da administração municipal, o qual busca valorizar a cultura
afro-descendente. Com sede no Centro Cultural, “a Guarda tem a função de
repassar os valores do congado e inspirar a participação de jovens”,
explica o secretário.
No
próximo sábado (14), os congadeiros irão a Belo Horizonte para visita à
rainha conga de Minas Gerais, Isabel Casimira, em evento comemorativo
aos 123 anos de Abolição da Escravatura.
Origens do Congado -
O capitão do congo, Gilson de Paula, narra que o congado surgiu na
África, no país do Congo, para cortejar os reis locais como forma de
agradecimento das pessoas aos governantes. Com a vinda de africanos para
o Brasil durante o período de colonização portuguesa, sete irmãos
congos (as vertentes do culto) desembarcaram em terras brasileiras e
tiveram que incorporar traços dos cultos católicos. “Os senhores de
engenho não aceitavam escravos não batizados”, conta o capitão.
Com
a missão de cultuar Nossa Senhora do Rosário, as guardas do congo de
Sete Lagoas representam soldados que protegem os reis e rainhas, assim
como a coroa. O uniforme possui traços das fardas de marinheiros. “A
lenda diz que os marujos negros encontraram, no mar, a imagem de Nossa
Senhora e, desde então, as roupas passaram a fazer parte do congado”,
explica Gilson de Paula.
Nas
festas em honra à santa, os escravos rezavam e, segundo o capitão
Gilson de Paula, as autoridades aproveitavam a ocasião para emprestar
roupas e jóias, como forma de acalmar os negros devido à condição de
submissão.
Para manter viva a tradição, congadeiros formam a Guarda do Congo do Casarão |
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